4 problemas psicológicos que você pode enfrentar durante o seu intercâmbio e dicas para combatê-los

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Quando falamos de intercâmbio, associamos a experiência com algo próximo à realização de um sonho, levando em consideração apenas os aspectos e pontos vantajosos dessa nova fase de vida. No entanto, algo digno de nota é que essa experiência tem suas dificuldades, que podem acabar afetando a saúde emocional dos intercambistas, e assim causando problemas emocionais no intercâmbio.

O intercâmbio é por si só uma vivência que acaba te removendo instantaneamente de sua zona de conforto, seja ela positiva ou negativa, e é a partir daí que um equilíbrio emocional seguro se faz necessário, para que a experiência, que primeiramente é de total prazer, não acabe se tornando um pesadelo.

Conversamos com Fernando Carvalhal, Gestalt-Terapeuta e Psicólogo Clínico (CRP12/09664), que teve uma experiência de intercâmbio em Dublin entre os anos de 2007 e 2008, para tirarmos algumas dúvidas quanto ao tema.

O encontro com o novo pode ser a causa dos problemas emocionais no intercâmbio

Esse é provavelmente o primeiro desafio encontrado pelo intercambista. Fernando explica como a novidade e a nova rotina pode afetá-lo. “Ao desembarcar em outro país, instantaneamente a pessoa abre-se ao novo, e no que diz respeito a lazer e turismo este novo mostra-se bastante prazeroso e atraente. Porém, o sair do conforto cultural, abrindo-se mão daquela sensação de fazer parte ou de pertencer a um grupo o coloca em uma situação adversa onde há uma parte positiva importante, mas também há uma parte que pode mobilizar a pessoa de forma negativa, como, por exemplo, uma situação de trabalho e o que a envolve”.

Fernando não cita o trabalho por acaso. Um dos principais pontos de estresse para quem viaja ou tenta buscar uma vida melhor fora do país é exatamente esse.

Lembro-me bem de quando viajei pela primeira vez para a Irlanda e me preocupava muito em conseguir um emprego para poder estabilizar as finanças e o quanto isso me deixava preocupado e infeliz conforme os dias se passavam.

Acredito que a maioria dos intercambistas vão com intenção de trabalhar para manter suas despesas durante este período. E acredito ser justamente na situação de trabalho que seu estado emocional é colocado à prova. Partindo do princípio de que só há crescimento pessoal a partir do conflito, a experiência de trabalho no exterior pode tornar-se um divisor de águas no sentido de o sujeito, a partir de uma situação adversa, crescer cada vez mais enquanto pessoa, ou sucumbir a dificuldades emocionais já preexistentes antes do intercâmbio”.


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Depressão

Este provavelmente é um dos principais problemas emocionais que aparecem ou são “autodiagnosticados” entre os intercambistas. E ele explica que isso ocorre muitas vezes mais por pressão externa do que por nossa culpa. “Muitas vezes as pessoas tomam um caminho na vida que vai em direção ao que os outros esperam que ela seja”, explica Fernando.

Todos sabemos que nos preocupar com o que os outros esperam de nós é, até certo ponto, natural. No entanto, quando perdemos o controle sobre o que realmente desejamos, podemos nos ver em uma situação nociva.

A pessoa, sem perceber, fica reduzida em corresponder às expectativas alheias e atender as necessidades do outro, que as suas próprias ficam de lado, pois ao tentar ser o que os outros esperam, acaba não olhando para si mesma, não se reconhecendo, não sabendo o que é sua real necessidade a ser satisfeita”.

Como resultado dessa confusão entre ser você mesmo e ser o que o outro espera que você seja, surge a sensação de vazio.

Já que por um lado nunca vai conseguir ser o que esperam que ela seja, e por outro, ao tentar ser o que os outros esperam, acaba se afastando de quem realmente é, da sua natureza, configurando uma guerra entre ela mesma e o como quer ser vista”, explica o psicólogo.

Ansiedade

Aspecto que muitas vezes vem associado à depressão ou até mesmo que pode agravar o quadro anterior. Fernando destaca que, apesar de não ser totalmente saudável, a ansiedade tem papel importante na vida de qualquer pessoa, já que é ela que nos prepara para enfrentar situações diversas. Ansiedade nada mais é do que preocupação com algo que ainda não aconteceu.

“E isto, que ainda não aconteceu, geralmente é algo que dará errado, ou seja, ansiedade pode ser entendida como uma fantasia catastrófica a respeito do futuro”.

Mulher de costas olhando paisagemOu seja, se você está fazendo as malas e vai cruzar o oceano ruma a uma nova vida, é provável que sentirá uma dose de ansiedade, afinal, você não sabe o que te espera.

“Uma certa dose de ansiedade é bem vinda e nos prepara para as situações, porém, quando em excesso pode prejudicar e muito no sentido de que a pessoa passa a viver tanto este futuro, se baseando demais nessas fantasias, como uma forma de exercer um controle fictício sobre o amanhã que acaba por não viver a sua realidade presente”.

Crise de pânico

Essa se dá justamente por conta da ansiedade, que como contamos acima, em excesso pode prejudicar muito o quadro emocional de qualquer pessoa. “Esta crise é caracterizada também por uma sensação de medo (de perder a vida) muito grande, podendo ficar frequente. As crises de pânico se manifestam em pessoas que de alguma forma durante muito tempo passam por cima de seus próprios limites por não os reconhecerem, e isto pode ocorrer de forma passiva quando a pessoa se deixa ser muito invadida pelo outro e fica sempre em segundo plano, não tendo voz para decidir por si mesma, ou de maneira ativa onde a pessoa assume todas as responsabilidades do outro para si, resolve tudo para todos e as suas próprias necessidades ficam pra depois, sendo que este depois nunca chega”.

Dicas para evitar os problemas emocionais no intercâmbio

Após entendermos os problemas emocionais, chegamos à parte que mais nos interessa: como evitá-los e fazer do intercâmbio uma experiência 100% positiva. A primeira dica é: seja você mesmo, se aceite!

Não, não é trecho de livro de autoajuda, é o que o profissional recomenda para quem se sente inseguro ou percebeu qualquer um dos sintomas apresentados no texto. “Assumir quem se é espontaneamente, com defeitos e qualidades, e aceitar a impermanência das coisas pode desenvolver um potencial criativo infinito e saudável. Os sentimentos não podem ser controlados, eles existem para serem sentidos, expressados, e somente isso. Muitas pessoas acreditam que devem controlar seus sentimentos, porém o que fazem é somente controlar a expressão destes’.

Tendo em vista todos esses fatores e também as situações que os acarretam, fica claro que não é possível dizer que há transtornos psicológicos específicos para a situação de intercâmbio, mas a forma como é essa experiência é vivenciada pode revelar ou desencadear algo que já estava escondido. Os conflitos de intercâmbio podem ser catalisadores de algo que pode evoluir para um possível transtorno psicológico.

Se você sente necessidade, Fernando sugere um acompanhamento psicológico antes, durante e depois dessa experiência para que possa torná-la ainda mais prazerosa. “Fica aqui a sugestão de realizar um processo de psicoterapia durante e depois do intercâmbio, mas principalmente antes, pois o objetivo deste processo é que pessoa conheça a si mesma o máximo possível, pois em estar ciente do material de que dispõe, conseguirá inevitavelmente desvendar recursos variados para lidar com qualquer situação, adversa ou não, que venha a aparecer.

Eu publiquei esse texto originalmente lá no meu Medium, tem mais coisa bacana por lá, o link é esse aqui.

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